Nos últimos anos estamos presenciando uma mudança significativa com a introdução de diversas inovações na logística. O amadurecimento da globalização, a ascensão exponencial do comércio eletrônico, a ameaça constante de ruptura tecnológica e, mais recentemente, a pandemia do novo coronavírus têm acelerado este processo de transformação dentro das empresas, em especial o segmento logístico. Ao analisarmos o passado, o presente e o futuro, vemos que a logística está entrando em uma década transformadora.
Muitas das tecnologias hoje discutidas, já são encontradas em ambientes da logística, como: computação em nuvem, grande análise de dados, inteligência artificial e a internet das coisas. Essas mudanças têm afetado a forma como os trabalhos são realizados e as relações humanas dentro das empresas.
Relatório Logistics Trend Radar
A DHL, empresa global de transporte logístico internacional, divulga frequentemente as tecnologias aplicadas no segmento logístico e as principais tendências em seu relatório Logistics Trend Radar. Este artigo tem como objetivo resumir as principais tecnologias listadas na quinta edição deste relatório. Para acessar o conteúdo completo, acesse este link.
Logística em uma década transformadora
Nos últimos anos vimos um crescimento acelerado do comércio eletrônico. Em média, o e-commerce vem crescendo em torno de 20% a cada ano e as vendas ultrapassaram a marca de 3 trilhões de dólares em 2019 e conforme o Grand View Research a expectativa é que deva crescer a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 14,7% entre 2020 e 2027.
A América Latina foi a região que teve um maior crescimento no ano de 2020, especialmente influenciada pelo crescimento das vendas na Argentina e do Brasil, conforme pode-se ver no gráfico:.
Hoje o mercado eletrônico é dominado por empresas como Alibaba, Amazon e Mercado Libre que têm investido cada vez mais em melhorar as suas operações para a entrega de seus produtos. Este mercado aquecido tem incentivado outras empresas não tradicionais no segmento de e-commerce como o próprio Instagram Shopping e há um alto investimento por parte das empresas em campanhas nas redes sociais para impulsionar as compras online.
Há muitos setores que estão apenas começando a abraçar o comércio online e a revolução impulsionada pela tecnologia tem muito mais espaço para crescer. O comércio eletrônico ainda responde por apenas um sexto do total de vendas do varejo ao redor do mundo.
Tecnologias aplicadas à logística
Desde 2012, indústrias de venture capital vem investindo quase 30 bilhões de dólares para o setor de logística. Hoje, cerca de 3.000 startups estão trabalhando para desenvolver novos produtos, serviços e modelos de negócios para a logística, focadas em áreas como:
1. Data driven:
Os dados atualmente são o novo petróleo do mundo e muitas empresas de supply chain colocaram a análise de dados no topo das prioridades estratégicas. A área de logística das empresas é rica em dados pois lida com milhares de dados ricos por dia, como: pedidos de clientes, movimentação de embarque e desembarque, localização e condições dos bens. Muitas empresas da cadeia de suprimentos colocaram a análise de dados no topo das suas prioridades estratégicas e vem se beneficiando disso. Investimentos em softwares e profissionais de ciência de dados capazes de diagnosticar problemas operacionais, otimizar o planejamento e prever cenários futuros tem sido uma prioridade para os executivos.
2. Inteligência Artificial (IA):
A aprendizagem de máquinas está se tornando cada vez mais comum nos negócios. Para logística, inteligência artificial é fundamental para resolver os mais complexos desafios operacionais como: rota dinâmica, otimização e capacidade precisa e previsão da demanda, assim como inteligência em automação física. A indústria de logística também está abraçando a chegada do software de automação de fluxos de trabalho, comumente conhecido como Robot Process Automation (RPA). De acordo com a pesquisa da Associação Comercial da Logística, 79% dos profissionais da cadeia de suprimentos compreendem que a (IA) se tornará uma competência central em sua organização até 2022 e 88% acreditam que isso ajudará a melhorar a gestão de riscos e previsibilidade nas operações.
3. Robótica e Automação:
Os robôs estão cada vez mais presentes nos centros logísticos, graças principalmente a custos mais baixos, melhores capacidades de operação e integração com tecnologias como: Data Driven, Inteligência Artificial, Digital Twins, dentre outras.
Entre as principais inovações por trás desta tendência são tecnologias de condução autônoma,tanto para ambientes logísticos internos, como é o caso dos AMRs (Autonomous Mobile Robots),quanto os externos. Os robôs estão se tornando mais fáceis de integrar também, alimentado pela aprendizagem de máquinas e sensores potentes que lhes permitem adaptar-se rapidamente a ambientes em mudança e trabalhar com segurança ao lado do time operacional.
4. Internet das Coisas (IoT):
IoT já tem um impacto significativo no mundo. Como podemos perceber a internet já é parte de diversos produtos que utilizamos atualmente. Com a internet 5G, presente em vários países, muitos avanços estão ocorrendo e ainda tendem a aumentar com a adesão de velocidades mais altas, capacidade de conexão muito maior e maior flexibilidade para conexão de pessoas e coisas.
Ao analisarmos esta tecnologia na logística, vemos o quão relevante esta é para melhoria da eficiência operacional e qualidade do serviço. Veículos que dirigem sozinhos promovem uma grande eficiência e segurança de transporte logístico.
Outros avanços que são desejados há muitos anos por parte de profissionais da logística como os veículos aéreos e entregas através de drones, estão sendo melhor discutidos, apesar de ainda enfrentarmos uma série de restrições regulatórias.
As tecnologias acima mencionadas continuarão sendo essenciais em toda cadeia de suprimentos e com a crise do covid-19, a preocupação por essas tecnologias tem se intensificado, uma vez em que os executivos tem buscado novos caminhos para proteger suas organizações de eventos turbulentos. Em uma pesquisa realizada pela PWC (PricewaterhouseCoopers), mostra que 37 dos 80 CEOs (Chief Executive Officer) dizem que aceleraram a automação em suas organizações e que esta será a prioridade estratégica pós-covid.
Referências:
https://exame.com/negocios/a-pandemia-fez-o-e-commerce-decolar-ainda-ha-folego-para-mais/